Domingo, 10 de Abril de 2005
O sucesso apesar das desvantagens
As desvantagens portuguesas na internacionalização são três. Com as excepções a confirmar a regra.
Primeiro: pior imagem fruto de dois factores: a influência negativa da imagem do país. E menor visibilidade fruto da sua pequena dimensão: entre os 300 maiores bancos europeus só há sete portugueses. Entre as 50 maiores seguradoras europeias não há portuguesas. E assim sucessivamente.
Segue-se que as empresas portuguesas carecem das economias de escala e efeitos de experiência das estrangeiras. Esta (experiência) faz a curva dos custos de escala baixar com o tempo (independentemente da escala/quantidade).
Donde, as empresas portuguesas têm primeiro uma curva de escala mais alta que as suas congéneres europeias e depois, como as quantidades de produção/vendas anuais geralmente são inferiores, o seu ponto de produção é para a esquerda da empresa maior, fazendo assim com que o custo médio seja duplamente superior: devido a menor escala; e a menor experiência.
Finalmente é também certo que em geral as maiores empresas (europeias) conseguem cobrar prémios de preço que escapam às mais pequenas e têm maior controlo dos canais de distribuição. Numa palavra: têm maior poder de mercado.
Em síntese, (melhor) imagem. (Maior) tamanho. (Superior) poder de mercado. São estas as vantagens das empresas europeias face às portuguesas. Em geral.
Estão pois as empresas portuguesas condenadas ao insucesso? Nada mais longe da verdade.
Relativamente à imagem é bom lembrar que na década 50 e 60 as empresas japonesas tinham uma imagem de simples fabricantes de produtos baratos e sem qualidade.
E quanto à falta de dimensão e poder de mercado, há inúmeros exemplos de empresas que não tiveram um berço de ouro: a Microsoft, Apple, Pizza Hut, Kentucky Fried Chicken, McDonalds, etc.. Não nasceram como um departamento no seio de uma multinacional. Não. Vieram à luz em garagens ou simples lojas isoladas. Por vezes até (como nos casos da Apple e Pizza Hut) com um simples empréstimo de 500 dólares da mãe.
Assim, na sua infância, muitas multinacionais não passavam de PMEs. Mas para que do seio de uma PME saia uma multinacional, é necessário que as PMEs combatam com uma estratégia distinta (e não igual à) dos líderes. Em diferentes segmentos. Com diferentes curvas de experiência. Usando diferentes factores de sucesso. Isto é, nos seus termos. E não nos dos outros. Escolhendo os termos do seu combate. As suas armas. Porque quem luta nos termos do inimigo, quando esta tem nelas vantagem, morre.