Sábado, 1 de Janeiro de 2005
As notas da "mão invisivel"
ANÍBAL CAVACO SILVA - Continua a ser uma das grandes referências políticas do nosso país.
Quando fala o país ouve-o embevecido, pois mesmo aqueles que dele discordam reconhecem-lhe qualidade, conhecimento, em suma profundidade, ao contrário do que se verifica com muitos dos actuais políticos cuja superficialidade é constrangedora. Vai ser o candidato à presidência, como se confirmará em 2005, de todos os que preferem a eficiência ao mediatismo e a realidade à aparência.
ANTÓNIO GUTERRES - Depois de ter terminado, como é usual quando se está prestes a abandonar, o poder em solidão, tem vindo a preparar o seu renascimento como candidato presidencial. As suas últimas intervenções públicas confirmam que não é dele que o país precisa face aos tempos actuais e que se avizinham. Esperemos que os portugueses mantenham fresca a sua memória.
DURÃO BARROSO - O actual presidente da União Europeia cargo que nos orgulha nunca pensou, nem nos seus piores sonhos, que após a sua saída se sucederia esta enxurrada de factos políticos. Não é fácil explicar aos portugueses que está absolutamente isento de responsabilidade, ainda que indirecta. Não deixa, no entanto, de ser curioso que muitos dos que o atacaram tenham saudades dele.
FRANCISCO LOUÇÃ - Representa a esquerda intelectual, de discurso contundente, esperto e demagogo. O facto de liderar um partido de contra-poder permite que assuma posições populistas e, por vezes, enganadoras. É interessante e divertido ouvi-lo, mas saber que não chegará esperamos!!! ao poder permite-nos dormir descansados; aliás, se chegar corre o risco de desaparecer.
JERÓNIMO DE SOUSA - O novo líder comunista em vez de alargar a base de eleitorado diminui-a, mas, em contrapartida, assegura a manutenção do poder da linha dura do partido. Parece ignorar que o autismo que afecta o seu partido poderá levá-lo a tornar-se num ser vegetativo. As reiteradas incriminações por delito de opinião dos seus membros são bem demonstrativas que é um partido anacrónico que nem a constante hemorragia eleitoral permite perceber que o caminho está errado. É um partido que revela dificuldades em coexistir com a democracia.
JORGE SAMPAIO - O processo de dissolução da Assembleia da República correu formalmente mal; e não se diga que a forma é pouco relevante. Também quanto à substância não está isento de reparos. De qualquer forma continua a ser para os portugueses o garante institucional, o que demonstra o erro de o envolver em querelas partidárias.
JOSÉ SÓCRATES - O novo líder do PS está a um passo, de acordo com as sondagens, de ganhar as eleições. Nada fez para o merecer, o seu projecto é desconhecido e a sua equipa ignorada; o pouco que se sabe e se vê lembra Guterres, o que para o país não augura nada de bom e que bem pior será se, por acaso, tiver maioria absoluta.
LUÍS MARQUES MENDES - Teve a coragem de dizer em voz alta, o que muitos pensavam mas a dependência política não lhes permitiam afirmar. Disse-o no sítio certo e o partido sabe que, em momentos como os que se aproximam, a sua experiência, capacidade e sentido de Estado são cruciais para o eleitorado. É indispensável para os próximos desafios.
PAULO PORTAS - Sai de 2004 demonstrando, aos mais cépticos, que em política só depois de morto e enterrado é que se está extinto. Viveu momentos muito complicados e adversos, mas a sua força como lhe reconhecem mesmo os seus adversários e a mudança de líder no PSD jogaram a seu favor. Em 2005 não terá uma tarefa fácil a acreditar nas sondagens mas o seu lugar - pelo menos o de líder - parece estar garantido.
PEDRO SANTANA LOPES - O actual líder do PSD joga nestas eleições o seu futuro político. Muitos anunciam o seu final como actor político, mas convém não passar já a certidão de óbito, pois o futuro pode reservar algumas surpresas. O ano de 2005 será o da confirmação, seja do que for.