Terça-feira, 19 de Dezembro de 2006
Semelhanças entre Annan e Madonna


Tudo muda, tudo muda, excepto... a natureza humana. E já se sabe como é, nestas coisas da natureza humana, uns são mais humanos que outros.

Jorge A. Vasconcelos e Sá

Buda, Heraclito, o nosso Camões, todos apontaram que não há nada permanente excepto a mudança.

De facto, tudo muda, tudo muda, excepto... a natureza humana. E já se sabe como é, estas coisas da natureza humana, uns são mais humanos que outros.

Kofi Annan, líder da ONU, tem procurado posicionar-se como apoiante dos desfavorecidos e defensor dos direitos humanos. Palavras bonitas. E os actos?

Vejamos a mais recente oportunidade: Darfur. Que faz K. Annan?: convoca uma conferência de imprensa (onde sem qualquer indignação e com o ar mais natural deste mundo) diz que: 1) os EUA não vão intervir fora de um mandato daONU; e 2) a ONU não vai intervir porque o governo sudanês não quer: “Se quiserem outro Iraque venham”, disse o presidente sudanês. E por isso, segundo K. Annan, não há nada a fazer. Ponto final parágrafo. Não ameaça demitir-se. Nem se queixa. Fala tranquilamente como se comentasse uma mudança no serviço de catering da ONU. Até ao momento? 200 mil mortos e cerca de um milhão de refugiados.

A passividade de K. Annan sugere que, excepto quando os americanos dão o corpo ao manifesto, não há (na prática) valores (os direitos humanos), mais importantes que a soberania nacional; a razão e justiça (Nuremberga), não deve prevalecer sobre os governos; e o direito à vida (dos outros), não é mais importante que o risco de morte (nosso).

E o resto dos países? Aparentemente para K. Annan não contam. Não critica a Rússia. Nem a China. E a Europa nada faz. Será que é por a sua opinião pública pensar que não pode influenciar a política externa? Ou por esta não contar para o eleitorado? Ou por ambos? Seja como for, a ONU não confronta o mal no mundo. E K. Annan lava diplomaticamente as mãos. É a vida...Quem também dizia isto?

Razão tinha Dante, quando reservou o lugar mais quente do Inferno, para os que, em tempos de crise, lavam as mãos. E aparentemente razão têm também muitos americanos quando acusam a ONU de inútil. Tal como Chris Patten nas suas memórias. À Europa falta de força (e logo de credibilidade internacional). Porque diplomacia sem mais, é um placebo. Há que ‘talk softly but carry a big stick’.

Voltando a página de Annane da ONU, aparece-nos depois Madonna anunciando que nos seus espectáculos em Novembro e Dezembro, irá aparecer “crucificada” com uma “coroa de espinhos”, tal como Jesus Cristo.

Grande publicidade. Vários orgãos de informação publicaram a notícia, sketchs, etc. Os mesmos (NBC, NYT, etc.) que não quiseram publicar os cartoons dinamarqueses, críticos de Maomé, por... “respeito para com os muçulmanos”... Mas, e os cristãos? Onde está o respeito para com eles?

No fundo, caro leitor, aparentemente, Annan e Madonna nada têm de comum. Ou será que têm? Qual a semelhança por detrás das diferenças?





publicado por psylva às 09:17
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
pesquisar
 
Outubro 2007
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
17
18
19
20

21
22
23
24
25
26
27

28
29
30
31


posts recentes

Semear futuras crises

As ideias de Luís Filipe ...

Tufão imobiliário

Ordem, custos e esbanjame...

Política, ideias e pessoa...

HÁBITOS DE RICO E A ARTE ...

As reformas da Chrysler

O que resta da esquerda?

O Governo e a Igreja

Um estado menos “keynesia...

arquivos

Outubro 2007

Julho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

Novembro 2004

Outubro 2004

Setembro 2004

blogs SAPO
subscrever feeds