Terça-feira, 3 de Abril de 2007
“Elucitativio”

Negando um problema, nem é preciso solução. [...] Só não percebo uma coisa: com cabeças destas, como é que há crise na juventude?


Entre os positivos da televisão portuguesa, está o Prós e Contras de Fátima Campos Ferreira.

Um dos últimos, foi sobre a crise da juventude. Presentes o prof. Barata Moura, que começou por me impingir Kant (a mim como aluno), para acabar impingindo Marx (a todos como cidadãos). O dr. Daniel Sampaio, cuja insistência no tema do casamento representa um triunfo da esperança sobre a experiência. Uma dirigente de associações de estudantes que se esqueceu do princípio que mais vale estar calado e parecer que não se tem nada para dizer, do que abrir a boca e remover qualquer dúvida. E um cantor de RAP, cujo factor distintivo era um boné de ‘baseball’ enfiado pela cabeça abaixo. Nos 20 minutos que resisti até me render incondicionalmente ao tédio, captei as seguintes cinco mensagens básicas dos ilustres painelistas: 1.º Não há maior desemprego entre os recém-licenciados que entre a população em geral (?!...); 2.º Há que apostar no diálogo com a juventude (!...); 3.º As empresas devem apostar na formação profissional;4.º Os empresários têm que começar a valorar os curriculuns dos candidatos que incluam trabalho associativo (?!???...); e 5.º Há crise no casamento mas não há crise nas relações entre homens e mulheres. Esta última tese deriva de, e passo a citar os “homens continuam a gostar das mulheres”; e, deduzo, que vice-versa. Ou seja (e façam o favor de tomar nota) apesar de se divorciarem (e muito), os portugueses ainda não deram em homossexuais. Fiquei na dúvida de se tal não se deverá ao facto de, sendo legal e até moda em alguns sítios (ser-se homossexual), ainda não ser obrigatório.

Outras duas ideias-base que captei, respeitavam à pedagogia a fazer junto dos empresários (!) para aceitarem e valorarem “associativos”. E investirem na formação profissional para combater as deficiências do ensino. Ou seja: paguem para os profissionais aprenderem. Em vez de pagarem para produzirem. porque pôr o ensino a ensinar coisas úteis (para o mercado de trabalho), isso, isso, está fora de questão. Naturalmente. E compreende-se ao fim e ao cabo: como ensinar o que não sei? E provando que não há qualquer arrogância (nisto de pretender ensinar os empresários), já face à juventude não, há quaisquer recomendações, excepto... diálogo (e em doses maciças). ‘Et voilà’. Face aos capitalistas (exploradores, sugadores de mais valia, etc.) endoutrinação. Face a alguns que ainda nem têm barba: sensibilidade e abertura de espírito. E assim se junta a vaidade à inveja. E a presunção à irresponsabilidade. Para fechar o ramalhete, a tese de que não há grande desemprego entre a juventude. E... pronto: está o problema resolvido. Por si só. É que negando um problema, nem é preciso solução. Até aqui, creio eu, ter percebido tudo. Só não percebo uma coisa: com cabeças destas, como é que há crise na juventude?

Nota: Iniciando esta semana a colaboração com outro órgão de comunicação, despeço-me dos leitores deste jornal, agradecendo a este, o convite que me permitiu o prazer do convívio, com ambos. Muito obrigado.



publicado por psylva às 10:09
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